Minha querida, faz cinco meses que aqui me encontro e temo que eu vá ficar mais tempo.
Essa guerra aparenta não ter mais fim, não importa por onde eu passe eu encaro pobres lutando por um pão e soldados em sangrentos combates. Eu faço parte desses soldados, eu já matei mais pessoas em um dia que você é incapaz de imaginar, e eu incapaz de me recordar quantos foram.
Tivemos, outro dia, que passar por uma vila que havia sido bombardeada, tinhamos que procurar por sobreviventes. Foi a pior cena da minha vida, nunca havia visto nada tão grotesco antes, a ânsia de vomitar foi instantânea.
Corpos carbonizados, casas acabadas, carros totalmente destruídos, mães curvadas para proteger seus filhos, era uma vila comum que vivia uma vida comum, e agora, é mais uma vila deserta.
Não aguentei, corri para dentro de uma casapara me esconder, queria esquecer o que havia visto, mas era impossível. Queria apenas voltar para casa, para seus braçose seu beijo, lembranças de quando nos conhecemos, lembrei-me da vez em que nos beijamos, e agora vejo apenas corpos carbonizados de pessoas que nem puderam se defender.
Minha arma, a coloquei em baixo de meu queixo, nao aguentava mais isso, ia apertar o gatilho quando o líder do batalhão entrou e me impediu. Eu lutei contra ele, mas fui imobilizado.
Minha querida, você tem estado sozinha, eu me fui há muito tempo, mas com isso que fazemos e com todo esse tempo, só espero ir para casa, para você, porque meu coração está sempre com você;
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